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Depressão, Arteterapia & Mandalas

  • Writer: Lucrécia Aída
    Lucrécia Aída
  • Apr 5, 2021
  • 4 min read

Updated: Feb 4, 2022


Depressão, do latim depressio, significa forma afundada, abaixada por força interna ou externa. É uma doença que se caracteriza por alterações do humor, com sensações de tristeza profunda, vazio, desesperança, perda do interesse em atividades, baixa autoestima, ansiedade, sensação de impotência, raiva e culpas. Já considerada o mal do século, a depressão atinge mais de 12 milhões de brasileiros segundo dados da Organização Mundial de Saúde.


Para a psicologia analítica (ou junguiana), no sentido simbólico, a depressão é a dor da alma que se perdeu da própria natureza (saiba mais na postagem Depressão e Psicologia Analítica). O depressivo se sente privado de sua liberdade e, portanto, não consegue dar vazão ao seu poder criativo. Assim, há uma urgência no processo depressivo no sentido de buscar uma mudança e retomar a energia psíquica que conduz à expressão criativa. Para tal, é preciso que ocorra um rompimento de expectativas e vínculos, do contrário a alma morre e a servidão, a acomodação e a estagnação tomam lugar.

O depressivo precisa dar vazão a sua capacidade de simbolização, mas o desejo de criar parece estar adormecido durante a depressão, o que faz o entusiasmo pela vida desaparecer. Mas a necessidade de um escape criativo existe, e pode ser estimulada pela psicoterapeuta junguiana. A arteterapia pode ser uma boa ferramenta terapêutica nesse contexto, já que utiliza a produção de imagens como forma de se chegar a conteúdos inconscientes. A concretização de imagens e personas internas favorece a transformação do Self; o fazer criativo é repleto da subjetividade de quem o exerce, as construções e criações projetadas são formas de autoconhecimento que auxiliam no processo de desenvolvimento.

A arteterapia permite a passagem de um conteúdo inconsciente, não assimilado, transmutado ou transformado, para outro conscientizado. Na prática arteterapêutica, busca-se visualizar conteúdos expressivos, ao que a forma converte a expressão subjetiva em comunicação objetivada. Assim, a arteterapia promove o encontro entre pensamento e sentimento, rompendo a dualidade da experiência do mundo interno com o mundo externo.

A função terapêutica da arte é facilitar que conteúdos expressivos subjetivos ganhem forma de comunicação objetivada; é o encontro entre pensamento e sentimento. Dentro desse contexto, a pintura de mandalas pode ser um bom exemplo de instrumento terapêutico, pois proporciona um pleno estado de relaxamento onde traumas e medos podem se transformar.


A palavra mandala, originária do sânscrito, significa círculo. No conceito alquímico o círculo representa o domínio do espírito, de modo a gerar a percepção de transformação de matéria em espírito. Então, a mandala representa um auxílio visual capaz de conduzir a consciência do indivíduo por meio de seu próprio corpo, levando tal consciência de volta à fonte de sua criação. De modo geral, a mandala é uma imagem arquetípica do Self capaz de recriar o movimento da criação. Gaeta (2017) apresenta que a reflexão das pessoas sobre a existência de um centro de personalidade com o qual tudo se relaciona e organiza tudo, enquanto reflete uma fonte de energia, é refletida na mandala. Este centro não é concebido como o eu, mas como o si-mesmo ou uma personalidade total.

A produção de mandalas é bastante eficaz no tratamento da depressão, síndrome do pânico e outras aflições da alma que o indivíduo possa estar passando. A Arteterapia diminui a depressão por dar vazão à expressão de sentimentos de tristeza e perda. A ferramenta traz uma visão crítica sobre emoções, pensamentos e sentimentos, além de aumentar a autoconsciência e redução do estresse.


Há ainda muito a ser dito sobre a depressão, como por exemplo como o aspecto social alimenta essa doença. Mas esse assunto é vasto e merece um - ou vários - posts só para ele, que serão feitos um pouquinho mais para frente. Por hora, deixo vocês com o curta "I needed color", que conta como o ator Jim Carrey utilizou a arte como aliada no combate à depressão.

Se você se identificou com os sintomas de depressão mencionados no início do texto, tenha em mente que para o tratamento da depressão, além do tratamento psiquiátrico, é fundamental o acompanhamento psicológico. Nesse sentido, a psicoterapia de orientação analítica (junguiana) pode ser ideal se você se sente à vontade em usar simbologias, sonhos e arte para se libertar do vazio, da tristeza profunda e do aprisionamento que a depressão traz. Depressão não é frescura, é uma doença que pode ser profundamente incapacitante e pode até levar ao suicídio - mas é uma doença que tem cura!


*Lucrécia Aída de Carvalho é psicóloga clínica (CRP 08/32077) de orientação junguiana, especialista em Antropologia Cultural e mestranda em Psicologia na linha de pesquisa violência & sociedade. Oferece psicoterapia (individual e grupal) para adolescentes e adultos. Trata de questões como ansiedade, depressão, autoestima, traumas, criatividade e transtornos (TOC, misofonia e acumulação), propiciando insights profundos e libertadores.


A Psique & Descobertas oferece cursos, palestras e workshops sobre psicologia, saúde mental e sua relação com arte, cultura e sociedade. Para mais informações à respeito de valores e agendamentos, entre em contato pelo e-mail psiqueedescobertas@gmail.com ou pelo WhatsApp: 41 999967560.


Referência: Gaeta, I. P. (2017). O Círculo Sagrado: Mandalas de pacientes de C. G. Jung - Oficina de Mandalas. In: XXIV Congresso da AJB, Foz do Iguaçu. Retirado em 10/11/2019, de http://www.ijpr.org.br.

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